ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 21-8-2001.

 


Aos vinte e um dias do mês de agosto do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e um minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio Mérito Sindical ao Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, nos termos do Projeto de Resolução nº 031/01 (Processo nº 1571/01), de autoria do Vereador José Fortunati. Compuseram a MESA: o Vereador Reginaldo Pujol, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Marco Maia, Secretário Estadual da Administração e dos Recursos Humanos e representante do Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Jurandir Damin, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Adão Henrique Lima, Presidente da Associação dos Metalúrgicos Aposentados; o Senhor Niro Barrios, Presidente da Comissão Municipal de Emprego; o Senhor Renan Lobo, Diretor da Escola Técnica José César de Mesquita; a Senhora Marli Medeiros, Coordenadora do Centro de Educação Ambiental; o Senhor Claudir Nespolo, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre; o Vereador José Fortunati, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional, e após, solicitou à Vereadora Maria Celeste que assumisse a presidência dos trabalhos. Em continuidade, a Senhora Presidenta concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador José Fortunati, como proponente da presente homenagem, saudou o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, ressaltando a importância dessa categoria profissional para o desenvolvimento do País. Também, discorreu sobre os setenta anos de fundação desse Sindicato, destacando as conquistas sociais e trabalhistas alcançadas pelo mesmo ao longo do tempo. Na oportunidade, como extensão da Mesa, foram registradas as seguintes presenças: do Senhor Antônio Édson Peres, Presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul; do Senhor José Roberto Torres Machado, Presidente da Federação dos Trabalhadores dos Estabelecimentos de Ensino; do Senhor Antônio Eni Lemes, Diretor-Geral do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CEPERS - Sindicato e representante da Senhora Jussara Dutra. Em prosseguimento foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. A Vereadora Maria Celeste, em nome da Bancada do PT, cumprimentou o Vereador José Fortunati pela proposição dessa homenagem, manifestando seu reconhecimento às ações desenvolvidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre em prol da preservação dos direitos dos trabalhadores e reportou-se à aprovação unânime do Projeto de Resolução que concedeu o Prêmio de Mérito Sindical a essa entidade. O Vereador Raul Carrion, em nome da Bancada do PC do B, parabenizou o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre pelo recebimento do Prêmio Mérito Sindical, procedendo a relato histórico das principais atividades desse sindicato e salientando a contribuição política dos metalúrgicos, especialmente do líder sindical Elói Martins, para a defesa dos ideais democráticos no País. A seguir, a Senhora Presidenta registrou a presença do ex-Vereador João Motta e convidou o Vereador José Fortunati a proceder à entrega do Prêmio Mérito Sindical ao Senhor Claudir Nespolo, concedendo a palavra a Sua Senhoria que, em nome do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, agradeceu o Prêmio recebido. Após, a Senhora Presidenta convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, informou que, após o término da presente solenidade, será oferecido um coquetel na Avenida Cultural Clébio Sória, no térreo do Palácio Aloísio Filho e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e trinta e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária a ser realizada amanhã, a hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Maria Celeste e secretariados pelo Vereador José Fortunati, como Secretário "ad hoc". Do que eu, José Fortunati, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a entregar o Prêmio Mérito Sindical ao Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, em decorrência de PR nº 031/01, proposto pelo Ver. José Fortunati, que foi aprovado por unanimidade da Casa.

Convidamos para compor a Mesa o Ex.mº Secretário de Estado de Administração e dos Recursos Humanos do Rio Grande do Sul, o Dr. Marco Maia, que, neste ato, representa o Governo do Estado; o representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Dr. Jurandir Damin; o Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, o Sr. Claudir Nespolo; o proponente e autor desta iniciativa, Ver. José Fortunati; o Presidente da Associação dos Metalúrgicos Aposentados, Sr. Adão Henrique Lima; o Presidente da Comissão Municipal do Emprego, Sr. Niro Barrios; o Diretor da Escola Técnica José César de Mesquita, o Dr. Renan Lobo; finalmente, para atenuar a mesa, a presença feminina, a Coordenadora do Centro de Educação Ambiental a Sr.ª Marli Medeiros.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Incumbe-me, inicialmente, transmitir a saudação da Casa a todos os senhores convidados, que comparecem em número muito expressivo, para prestigiarem a iniciativa do Ver. José Fortunati, que corresponde por inteiro com as aspirações de considerável parcela da sociedade porto-alegrense, especialmente a classe dos metalúrgicos que se sente homenageada junto com o seu Sindicato nesta ocasião.

Na medida em que a nossa Sessão Solene se destina a homenagear o Sindicato dos Metalúrgicos, e através dele a classe dos metalúrgicos de Porto Alegre, eu pediria às pessoas que se encontram no hall de ingresso do nosso Plenário, que ocupem as cadeiras remanescente do Plenário de vez que a festa é de todos os convidados, é dos metalúrgicos. Todos os convidados são recebidos pelos Vereadores de coração aberto, de vez que a unanimidade da Casa somou-se ao Ver. José Fortunati nessa iniciativa e na deliberação unânime da outorga desse Prêmio, mais do que merecido, ao nosso Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre.

Por isso, eu gostaria de enfatizar, de uma forma muito expressiva, o nosso agradecimento ao Dr. Marco Maia, que neste ato representa o Governador Olívio Dutra, ao Dr. Jurandir Damin, que representa o Prefeito Tarso Genro - as duas autoridades maiores do Estado e do Município - que nos prestigiam com suas presenças, dão status para esta solenidade, para a qual a Câmara de Vereadores integra-se por inteiro.

Quero, transmitir a todos uma mensagem do Presidente Fernando Záchia, que, impossibilitado de estar conosco neste momento, dada a multiplicidade de atividades que a gestão da Câmara Municipal lhe impõe, pediu-me que transferisse a todos o carinho, o reconhecimento e, sobretudo, o aplauso que nós Vereadores temos com o nosso colega Ver. José Fortunati por essa sua feliz iniciativa.

Dentro de um concerto que havíamos estabelecido, quero, com muita honra, na condição de Vice-Presidente da Câmara, fazer uma homenagem às companheiras Vereadoras com assento neste Legislativo, entregando o comando da Sessão, a partir deste momento, para a nossa querida companheira de trabalho e destacada Vereadora Maria Celeste. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Boa-noite a todos os presentes nesta grata homenagem ao Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre. Quero cumprimentar a Mesa, a todos os companheiros e a companheira que estão compondo a Mesa, bem como a todos os presentes.

De imediato, passamos a palavra ao proponente desta homenagem. O Ver. José Fortunati está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Sindicalistas aqui presentes. Faço uma saudação toda especial, especialmente aos metalúrgicos que, sem dúvida nenhuma, ao longo do tempo, representam uma das principais categorias de trabalhadores do nosso Estado, do nosso País e da América Latina.

É importante salientar que nesta data nós estamos – enquanto Poder Legislativo – prestando uma grande homenagem, não somente aos 70 anos do Sindicato dos Metalúrgicos da nossa Cidade, da nossa região, mas entregando o Prêmio Mérito Sindical que é um prêmio que esta Casa outorga por unanimidade, como reconhecimento à história de luta, à história de combatividade, à história de persistência, por uma luta por melhores salários e melhor qualidade de vida, não somente para os trabalhadores metalúrgicos, mas para todos os trabalhadores, para toda a classe trabalhadora da nossa Capital, dos metalúrgicos e trabalhadores do nosso Estado, do nosso Brasil e de toda a América Latina.

Quando olhamos a história do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, deparamo-nos com alguns fatos interessantes e vou fazer alusão a alguns desses fatos, porque me parece que é de fundamental importância que isso fique transcrito nos Anais da Câmara de Vereadores para toda a eternidade.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre foi o primeiro Sindicato a ser criado no nosso Estado, em 19 de março de 1931; então com o nome de Sindicato dos Operários Metalúrgicos de Porto Alegre. O pequeno grupo formado por militantes da antiga União dos Metalúrgicos teve, o que é muito comum entre os trabalhadores - tirar dinheiro do próprio bolso - para conseguir bancar a sua entidade. O Primeiro Presidente foi José Baldelino de Lemos, que ocuparia, depois, por mais duas gestões a Presidência do Sindicato. A reivindicação principal dos metalúrgicos, naquela época - me parece que isso não mudou em nada, meu caro Claudir - era por melhores salários. O patrimônio do Sindicato - essa é uma observação interessante - era formado por um armário, algumas cadeiras e alguns poucos arquivos, mas o grande patrimônio que o Sindicato tinha, e tem até hoje, é a perseverança e a garra das suas lideranças.

Passando, vou pular alguns anos, para mostrar que em 1945, quando a II Grande Guerra Mundial teve o seu fim. A indústria metalúrgica, no Brasil estava em expansão. Os trabalhadores metalúrgicos aumentavam em número e em peso, em qualidade, na economia do nosso País. Graças à luta geral dos trabalhadores houve uma conquista por salário mínimo, férias e previdência social. Em 5 de dezembro de 1941 o Sindicato passa a ter a sua denominação atual, ou seja, muda o seu nome. Em 1945, recebe a Carta Sindical, aí já no período do Presidente Getúlio Vargas.

Em 1947, após vários movimentos grevistas - o que também tem sido uma tônica da trajetória do Sindicato - o Sindicato dos Metalúrgicos sofreu a sua primeira intervenção por parte do Governo Federal. Uma intervenção que durou até 1950, ou seja, um período duro para a categoria metalúrgica, mas que de forma alguma o Governo conseguiu - com essa intervenção - retirar a garra, os brios e a vontade de luta dos metalúrgicos.

Em 1952 os metalúrgicos fazem uma das suas grandes greves por aumento salarial. Uma greve que durou trinta e dois dias e que foi absolutamente vitoriosa e que teve como marca o primeiro dissídio da categoria. Ou seja, um marco muito importante, porque, a partir dessa data, os patrões passaram a reconhecer, não somente a representatividade política do Sindicato, mas também a representatividade legal do Sindicato. O salário mínimo profissional da categoria começa a ser reivindicado pelos metalúrgicos a partir de 1960, quando se inicia uma campanha com esse objetivo, embora o piso profissional só fosse conquistado na década de 70.

Em 23 de abril de 1964, alguns dias após o famoso Golpe de Estado, praticado em 31 de março de 1964, o Sindicato sofre nova intervenção, quando são afastados os membros da sua diretoria. A junta interventora, ou Junta de Administração Provisória, é formada por um general, um capitão e um major. Certamente, toda a vez que o metalúrgico desejava entrar na sede, em primeiro lugar, teria que bater continência para depois, quem sabe, solicitar que o Sindicato lutasse por melhores salários e melhores condições de vida.

A intervenção dura até 11 de junho de 1964, no mesmo ano, quando é instituída uma junta da administração provisória, presidida por José César de Mesquita, que era o Presidente à época da intervenção e que foi destituído pela junta militar, tendo, ainda, mais dois membros da diretoria anterior: Sady da Conceição e Toríbio Santos.

O peculiar, e é importante que se relembre isso, é que, a partir daquele período, até o final da Ditadura Militar, todo o novo dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos, dirigente, operário, metalúrgico, forjado nas lutas da sua categoria, para poder assumir uma cadeira na direção do Sindicato, era obrigado a apresentar o atestado de ideologia, ou seja, antes mesmo de comprovar as suas verdadeiras raízes com a sua categoria, a Ditadura Militar exigia que cada sindicalista, cada operário, cada trabalhador apresentasse o “Atestado de Ideologia”, do DOPS, que nada mais era do que uma forma que a ditadura militar tinha para evitar que companheiros combativos, companheiros aguerridos ocupassem a presidência e a diretoria deste Sindicato.

Já na década de 80, foi eleita uma comissão para representar os metalúrgicos nas negociações por aumento semestral de salários - uma das lutas históricas dos trabalhadores, especialmente dos trabalhadores metalúrgicos – já que a inflação começava a corroer os salários. Ao mesmo tempo, em São Paulo, no ABC, acontecem greves de metalúrgicos que reivindicavam também melhorias salariais.

Essas greves e essas lutas todas – é importante salientar – marcam o chamado “novo sindicalismo”, ou seja, o sindicalismo que começa a romper com a estrutura forte do Estado Novo, com um estilo corporativista e começa a se criar um novo sindicalismo, um sindicalismo atuante, um sindicalismo independente, tanto dos patrões, quanto do Estado. Esse sindicalismo, do qual nos orgulhamos em pertencer.

Em 1981 e 1982 são realizados os Encontros Estaduais da Classe Trabalhadora, os saudosos ENCLATs na sede dos Metalúrgicos de Porto Alegre. Aqui faço uma referência até saudosa dessa época, porque foi um período em que eu, também ingressava no movimento sindical, através do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre. Eu tive oportunidade de não-somente participar das atividades do Sindicato dos Metalúrgicos, mas de conhecer mais profundamente a luta e a garra dessa categoria.

Em 1982, concorrem à direção do Sindicato, pela primeira vez, duas chapas antagônicas. É importante lembrar que, mesmo com o surgimento do novo sindicalismo, nós tínhamos uma parte dos sindicalistas que ainda desejavam ficar atrelados às malhas do Estado.

Em 1983, a oposição sindical passa a identificar-se com a Central Única dos Trabalhadores, recém fundada. Em 1985, houve uma nova eleição, e a oposição perde novamente para as chapas de situação que se uniram num segundo turno. Aliás, meu caro Jurandir Damin, certamente, essa eleição e esse processo eleitoral ficarão bem marcados, não somente na história dos metalúrgicos, mas de todos aqueles trabalhadores que, através da Central Única dos Trabalhadores, tiveram a oportunidade de participar ativamente daquele processo. Um processo rico, complexo e muito tenso que, infelizmente, acabou ainda com a vitória da chapa da situação.

Em 1988, novas eleições são marcadas e, finalmente, o grupo de oposições é vitorioso. O Sindicato e os Metalúrgicos estavam mais próximos da Central Única dos Trabalhadores. É importante destacar, pulando um pouco a história, que a campanha salarial de 1990 é marcada por uma grande greve, aliás certamente uma das maiores greves que este Estado já conheceu, que começou com uma mobilização fantástica e maciça na empresa Zivi-Hércules, hoje a Eberle-Mundial e que acabou se estendendo por uma série de categorias. Mais de 90% dos trabalhadores da base do Sindicato dos Metalúrgicos cruzaram os braços, certamente uma greve da qual quem participou ou quem teve a oportunidade de se solidarizar sente um orgulho muito grande dessa passagem. A greve durou 21 dias e teve uma importância fundamental para a categoria, pois mostrou aos patrões o poder e a força de mobilização dos metalúrgicos e também consolidou a direção cutista no Sindicato.

Os metalúrgicos de Porto Alegre e demais cidades da base do Sindicato realizam o seu primeiro Congresso da categoria em março de 1983, um novo salto em termos de organização.

Outro dado importante para demonstrar que o Sindicato dos Metalúrgicos não se preocupava somente com a sua luta mais indistinta, que é importante, sim, que é a luta por melhores salários, por melhores condições de trabalho dentro das empresas, é de que, em 1984, a principal exigência do Sindicato dos Metalúrgicos, junto com outros sindicatos, era, na verdade, participar e exigir as eleições “Diretas Já” em todo País. Ou seja, os metalúrgicos expressavam, de uma forma muito clara, a necessidade de este País eleger o seu Presidente da República, rompendo com a tradição editorial, que, simplesmente, colocava presidentes que nada tinham a ver com a classe trabalhadora.

Em fevereiro de 1991, reunidos em Assembléia-Geral, os metalúrgicos aprovam, por unanimidade, a filiação do Sindicato à Central Única dos Trabalhadores – CUT, que é outra data extremamente importante, porque, de certa forma, ela é representativa de toda luta histórica do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e região, que, agora, sim, demonstram, de uma forma muito clara, que não só informalmente, mas de forma muito formal, estão juntos e solidários com a luta de todos os trabalhadores.

É importante notar que, na década de 90 e início da década de 2000, o Sindicato dos Metalúrgicos se consolida como um grande Sindicato, um Sindicato que extrapola a sua categoria, um Sindicato que faz uma relação muito forte com outras categorias, busca a formação de trabalhadores que, no seu cotidiano, estão desempregados ou com pouca qualificação, investe fortemente na formação, tanto dos metalúrgicos quanto na formação de outras categorias.

Hoje, a base do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre corresponde a 22.000 trabalhadores metalúrgicos, sendo que 10.000 desses trabalhadores encontram-se sindicalizados. Temos a Escola Técnica Mesquita, que funciona de uma forma fantástica e que é um exemplo, não somente para os metalúrgicos da nossa Cidade, mas certamente para os trabalhadores em todo o País.

Nosso Sindicato tem três Sedes e Subsedes. Além da Sede em Porto Alegre, em Gravataí, Guaíba e Cachoeirinha. Possui a Colônia de Férias em Cidreira, possui essa tão pujante Associação dos Metalúrgicos Aposentados, e desenvolve projetos muito importantes, como na área da saúde do trabalhador, onde o Sindicato foi um dos inovadores e tem demonstrado uma capacidade muito grande de operar. Agora, mais recentemente, mas não de menor importância, o desenvolvimento do Projeto Integrar, que é um programa de formação profissional para trabalhadores desempregados, com ensino fundamental, com trabalhos de geração e renda, que, hoje, agrega 400 alunos. Certamente, por si só, um exemplo muito claro da compreensão do Sindicato dos Metalúrgicos com a sua responsabilidade social, que ultrapassa os limites da própria categoria dos metalúrgicos.

Também é necessário dizer que, ao longo do tempo, o Sindicato dos Metalúrgicos foi forjando lideranças expressivas, lideranças importantes para a sociedade como um todo. Além das lideranças que, ao longo do tempo, ocuparam a direção do Sindicato dos Metalúrgicos e da própria Central Única dos Trabalhadores, temos hoje, como exemplo: o Presidente da Comissão Municipal de Emprego, Niro Barrios; na Federação, e Diretor da Confederação dos Metalúrgicos da CUT, o companheiro Pedro Corrêa; o dirigente da Escola da Central Única dos Trabalhadores, ex-Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e ex-Presidente da Central Única dos Trabalhadores, o companheiro Jairo Carneiro, e, hoje, um dos nossos diretores da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio e ex-Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, o companheiro Jurandir Damin.

Vocês, todos, são um exemplo muito claro de como esse Sindicato e essa categoria tem forjado pessoas de luta, pessoas de garra, que estão, no seu cotidiano, realmente defendendo o seu Sindicato, a sua categoria, mas que estão, acima de tudo, preocupados com a luta geral dos trabalhadores.

Os metalúrgicos sempre forjaram nomes importantes: Luís Inácio Lula da Silva, Presidente de Honra do meu Partido; o companheiro Marco Maia, Secretário de Estado. Poderia citar, aqui, tantos outros, que, certamente, honram, não somente a categoria metalúrgica, mas todos os trabalhadores e todos aqueles que lutam por melhores salários.

Finalmente, gostaria de concluir dizendo que me sinto muito contente por ter proposto a concessão do Mérito Sindical ao Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, mas fiquei absolutamente feliz quando essa proposição, meu caro Ver. Ervino Besson, foi aprovada, por unanimidade, pela totalidade dos Vereadores desta Casa. Vejam bem, falo dos Vereadores do PT, do P C do B, do PSB, que formam a base do Governo do Município da qual faço parte. Falo da Bancada do PDT, do PL, do PFL, do PMDB, do PPB, do PSDB, enfim todas as Bancadas que compõe a Casa. Independente de visão política, filosófica ou ideológica, todos reconheceram a importância dos 70 anos e da luta histórica do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre.

Por isso, parabéns a todos vocês, que constróem a luta dos trabalhadores, especialmente a luta desse importante Sindicato. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Registramos, como extensão da Mesa, a presença do Sr. Antônio Édson Peres, Presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul; do Sr. José Roberto Torres Machado, Presidente da Federação dos Trabalhadores dos Estabelecimentos de Ensino; do Sr. Antônio Eni Lemes, Diretor-Geral do CPERS e representando, neste ato, a Sr.ª Jussara Dutra. Encontram-se presentes também nesta cerimônia os Vereadores Ervino Besson e João Bosco Vaz.

Neste momento, farei uso da palavra em nome do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, nesta justa homenagem, que é muito importante para esta Casa, proposta pelo Ver. José Fortunati.

Sinto-me muito à vontade de falar sobre esse tema, porque eu, também, fui uma das relatoras do Projeto apresentado pelo Ver. José Fortunati, quando esteve na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, da qual faço parte. Pude observar melhor, ler melhor, sentir toda essa rica história do Sindicato que o Ver. José Fortunati trouxe para nós, trazendo como lembrança toda a trajetória do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre.

Então, é com muita alegria que essa proposta foi encaminhada às Comissões e, como disse o Vereador, ela foi aprovada por unanimidade entre todos os Vereadores desta Casa, porque o Sindicato dos Metalúrgicos representa uma história vitoriosa da luta dos trabalhadores neste século. Quando falo em vitoriosa, quero falar dos importantes benefícios que conquistamos ao longo das disputas entre patrões e empregados que, certamente, nasceram das discussões geradas nos sindicatos e, em especial, neste Sindicato. Dessas discussões surge, em 1931 - como já relatou o Vereador - um pequeno grupo no tamanho, mas um “grande grupo” se levarmos em conta a capacidade de luta pelo respeito e pela dignidade e que, hoje, conta com milhares de filiados.

Lembramos que várias foram as barreiras para derrubar o Sindicato ou atrelá-lo ao Estado, que era, então, o desejo do Presidente Getúlio Vargas na época, e que em 1947 chegou a destituir sua diretoria, colocando uma Junta com representação do Ministério do Trabalho, do Círculo Operário e da Federação dos Metalúrgicos.

Fatos históricos fazem parte da vida deste Sindicato. Cito a paralisação com os tecelões em 1934 e, principalmente, a conquista do salário mínimo, férias e previdência, que marcaram o movimento sindical brasileiro. Não podemos esquecer a greve vitoriosa de 1952, que resultou no primeiro dissídio coletivo da categoria, dois antes da primeira greve nacional na luta pelo aumento do salário mínimo em 100%. É claro que o Golpe Militar, de 1964 esfriou o movimento, proibindo a greve, mesmo assim não conseguiram acabar com o movimento.

Diante de tantas batalhas, inclusive a de hoje contra a política neoliberal de FHC, que é responsável pelo fim de muitos benefícios adquiridos na luta durante décadas, vemos o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, hoje, presente e atuante na defesa de sua categoria e participando sempre das manifestações de todos os trabalhadores em geral.

Podemos afirmar que este Sindicato esteve junto ativamente em uma das maiores demonstrações de cidadania e participação dos trabalhadores no movimento Diretas Já.

Em nome do meu Partido, em nome do Partido dos Trabalhadores, o qual hoje tenho a honra de representar, quero parabenizar o Sindicato que, sem dúvida, é um exemplo de garra, de luta e, principalmente, de esperança de que um dia teremos uma sociedade justa para todos, garantindo os direitos não só dos metalúrgicos e sindicalistas, mas de todos os trabalhadores do nosso Brasil. Parabenizo a todos vocês e muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Raul Carrion está com a palavra pelo P C do B.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) No dia de hoje, sinto-me como numa daquelas nossas grandes assembléias metalúrgicas, porque a iniciativa do Ver. José Fortunati nos propicia isso, a mim particularmente, que ainda me considero dessa categoria, da qual participei durante longos anos.

A minha primeira participação no Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre começou em 1966, na primeira chapa após a ditadura, não como metalúrgico ainda, mas na articulação, junto com outros companheiros.

Hoje, como historiador, obriguei-me a pesquisar e relembrar alguns fatos. Gostaria de parabenizar o Ver. José Fortunati, porque recuperar a história do nosso Sindicato é algo muito importante, e momentos como este permitem isso. Eu gostaria de comentar que, na verdade, esse Sindicato se criou em 1931, mas a sua matriz vem de 1905, quando foi criada a União dos Metalúrgicos. Já em 1905, no mês de junho - portanto, já seriam passado 96 anos – a União dos Metalúrgicos realizou a primeira greve, e foi uma greve vitoriosa. Depois o nosso Sindicato participou, ativamente, da grande greve geral de 1917, que paralisou, totalmente Porto Alegre, que sucedeu a greve de 1917 em São Paulo e no Rio de Janeiro - aqui paralisou totalmente - quando os metalúrgicos foram uma das categorias de frente. Na greve de 1919, houve um grande movimento grevista no Brasil, naquele momento, houve uma das maiores greves dos metalúrgicos que pararam quase 40 dias, defendendo a bandeira das 8 horas de jornada diária. Com essa greve de 1919, eles conquistaram essa bandeira. O Sindicato foi criado em 1931, já é “setentão”, mas sempre jovem.

Quero relembrar aqui a figura de Elói Martins, grande líder metalúrgico, que na diretoria de 1933, passa a ser Secretário do Sindicato. Ainda vivo, comemorará no final deste ano 90 anos de idade. O Elói Martins escreveu diversos livros; companheiro do nosso Partido Comunista, já em 1933. Não só foi dirigente dos Metalúrgicos de Porto Alegre, como foi dirigente da Federação Operária do Rio Grande do Sul-FORGS. Em fins de 1934 e começo de 1935, os tecelões de Porto Alegre fizeram uma grande greve, e o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre paralisou em solidariedade, e é claro que levantando as suas bandeiras. No dia 17 de janeiro de 1935, o Secretário-Geral do Partido Comunista do Brasil, o médico Mário Couto, é assassinado pelas forças policiais de Flores da Cunha. Como um grande apoiador, lutador, é assassinado, praticamente, na Redenção, perto de onde era a Carris, onde ele estava fazendo toda a articulação, porque a Carris também estava paralisada, os ferroviários iriam paralisar. Estava gestando um grande movimento, e lá estava o nosso Sindicato, na frente dessa luta. Evidentemente, que o Estado Novo, a repressão que se seguiu, levou um certo refreamento naquele momento ao Sindicato.

Em 1947, com a redemocratização houve uma retomada; há uma intervenção no nosso Sindicato, que só é levantada em 1950. O início dos anos 50 se caracteriza em todo Brasil, por novas lutas, a grande greve de 1952, que já foi referida, 32 dias paralisou o nosso sindicato, foi uma greve vitoriosa. O Golpe de 64, nova intervenção. Só em 1966 houve a primeira eleição, e é nessa eleição em 1966, que se procura formar uma chapa de oposição, nós não éramos da categoria, mas atuávamos juntos, era a chapa onde o Canha era o candidato a Presidente, o Sherer, morava em Canoas naquele momento, o Pedro Alves, cujo irmão aqui está, que, se não me engano, era o Secretário-Geral, e o José Freitas, eram as grandes figuras em 1966 dessa articulação. Nós, já, naquele momento, começávamos a participar da ação política, e ali fomos conhecendo essa luta.

Em 1979, quando retornei do exílio - na verdade, na clandestinidade, já havia retornado ao Brasil - passei a trabalhar na Eletrônica Owada, como técnico eletrônico na categoria metalúrgica, e ali começamos uma atuação nessa categoria que só vai encerrar quando uma justa causa nos afastou, a perseguição patronal. Recordo-me daquela grande greve. Acredito que o Jurandir já estava atuando naquela grande Assembléia, lá no Mesquita, quando a greve só foi impedida no auge das greves do ABC. A Assembléia, acredito que lotou totalmente aquele local, 3 mil ou 4 mil metalúrgicos, e a votação em urna para decidir se haveria greve ou não, como maneira de impedir a greve – acho que o Breno estava lá – e aí só sei que na hora “h” as urnas desapareceram. Foi gente pulando com urna para um lado, “quebrou um pau” e conseguiram impedir aquela grande greve que seria, porque a categoria estava em grande mobilização. Foi naquela Assembléia que, pela primeira vez, a Comissão de Salários foi tirada. Eu não me lembro de todos os nomes, o Nildo, da Zivi, era um deles; o Freitas era outro. Naquele ano foram três. Eu não lembro do terceiro nome, mas vamos recuperar, mais dia, menos dia, essa parte da história. Essa Comissão de Salário surge e se consolida no Sindicato, porque a direção não tinha a confiança da categoria, e a forma que ela encontrou foi a de criar as Comissões de Salários, conquistar a estabilidade para essas Comissões de Salários, e, a partir daí, fez quase que uma oposição estabilizada no Sindicato, que iniciou com essa em 1980, 1981 e 1982, aí por diante. Eu tive a oportunidade, a alegria e a honra de, por quatro anos, ser membro da Comissão de Salários. Algumas vezes, o Jurandir dela fez parte. Acredito que o Ademir, algumas vezes; o João Carlos, que esta presente, o Jairo e outros tantos companheiros.

Na eleição de 1982, outro marco importante. Naquela ocasião, também fiz parte da chapa. A Presidência, em uma convenção extremamente disputada, foi escolhido como Presidente, daquela memorável chapa de 1982 o companheiro José Euriques Freitas, como Secretário-Geral, o segundo mais votado, o Jairo, e coube a mim ser o Tesoureiro. A companheirada confiou, mas, infelizmente, apesar de uma grande campanha, no primeiro turno, perdemos por 180 votos, mais ou menos; no segundo turno, perdemos por 300, primeira tentativa. Seguiram-se as lutas, as grandes greves gerais de 1983, 1985 e 1987. Sempre a Sede do Sindicato era o coração da mobilização do movimento sindical. Lá se reunia o Comando de Greve.

Quero recordar, não me lembro se o Maia já estava junto, a oposição metalúrgica de Porto Alegre que teve uma grande participação na conquista e no apoio à chapa do Sindicato de Canoas, quando, pela primeira vez, o companheiro Paim assumiu a direção. A oposição fazia uma visão ampla do trabalho, sempre o Sindicato, essa visão não é só da nossa categoria, mas a visão da luta sindical global. Naquele tempo, a categoria era uns 50 mil, hoje, são 25 mil associados, fruto da reestruturação produtiva do neoliberalismo e de nós não termos, ainda, conquistado a redução da jornada de trabalho, que é uma luta que está pendente.

Vou chegando nos finalmentes, os congressos metalúrgicos criados em 1983, creio que eu e outro companheiro o João Carlos, fomos os primeiros a propor no nosso Sindicato os congressos dos metalúrgicos, que cumpriram grande papel. Quero recordar, para chegar ao fim, a greve de 1986. Grande greve da nossa categoria, pela primeira vez se reduziu a jornada de trabalho de uma categoria operária no Rio Grande do Sul. Abrimos mão de conquistas econômicas, naquele momento, para conquistar a redução da jornada de trabalho, antecipando a Constituinte de 1988. Eu tenho a convicção de que lutas que nem essas, que reduziram a jornada de trabalho, tiveram efeito e conseqüência, também em 1988, na Constituinte, com elementos para essa redução de jornada de trabalho.

O Sindicato dos Metalúrgicos, eu acho, que tem uma história que se confunde com a história, não só do movimento sindical gaúcho e brasileiro, mas se confunde com a história do nosso povo, porque não houve uma luta como a luta do “Diretas Já,” do “Fora Collor.”, da “Constituinte”, lutas políticas, lutas gerais em que o nosso Sindicato não estivesse presente. Por isso, acredito que o Sindicato, neste momento em que vivemos, tão grave para o País, quando a nossa soberania está sendo liquidada, onde os direitos dos trabalhadores, conquistados neste século de lutas, estão sendo retirados, que a democracia está sendo esmagada, um grande papel ainda tem a cumprir o nosso Sindicato - o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre - e que, certamente, as cumprirá.

Inclusive batalhas, como a do próximo ano, quando o Brasil estará diante de uma grande encruzilhada: seguir esse projeto neoliberal de liquidação da nação brasileira, de liquidação dos direitos do trabalho, de liquidação da democracia neste País ou abrir uma nova era, um novo rumo para este Brasil, e certamente será uma tarefa dos nossos partidos de esquerda, dos partidos populares, progressistas, e incluímos nisso, Ver. Ervino Besson, entendemos, o PDT, que tem a contribuir nessa caminhada, mas será também uma luta dos trabalhadores, da classe operária, da unidade do movimento sindical, do movimento popular com uma luta política para conquistar um novo Brasil.

Um grande abraço aos companheiros, às companheiras que aqui estão, que nos fazem revigorar e retomar essa história do nosso Sindicato, e muitos anos de vida para o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Registramos a presença do ex-Vereador, e Presidente desta Casa em 2000, nosso companheiro João Motta. (Palmas.)

Convido o Ver. José Fortunati a proceder à entrega do Prêmio Mérito Sindical ao Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, Sr. Claudir Nespolo.

 

(Procede-se à entrega do prêmio.) (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Sr. Claudir Nespolo, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, está com a palavra.

 

O SR. CLAUDIR NESPOLO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaria de, rapidamente, começar esta fala de agradecimento. Eu cheguei a pensar, aqui, em fazer um discurso que abordasse aspectos fundamentais da classe trabalhadora na atualidade como esse problema da flexibilização dos direitos, como esta conversa que já está parecendo uma conversa mofada, uma conversa surrada, dizer que sindicalista é coisa de passado; que sindicato cheira a falta de modernidade, que atrapalha a modernidade do País.

Eu cheguei, de repente, examinar esses aspectos do enfrentamento que, enfim, justificam a existência de uma entidade sindical. Depois escutando a fala do Fortunati aqui, nesta tribuna, que fez um apanhado histórico quase completo da trajetória e da importância do Sindicato; depois do reforço dessa trajetória que fez a companheira Maria Celeste e depois o companheiro Raul Carrion, eu só queria fazer um reparo que foi a importância que teve o Sr. José César de Mesquita para os metalúrgicos, na trajetória histórica e para esta Casa, pois ele foi Vereador por duas Legislaturas e Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, só não recordo em que ano. Companheiro muito lembrado pelos companheiros metalúrgicos de cabelos brancos, que também deram a sua contribuição. Faço esse pequeno reparo, porque, de resto, cabe-me, em uma Sessão histórica, sendo o Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, quando ele completa 70 anos de existência.

Com certeza lembram de que lá em 1906, como dizia o Ver. Raul Carrion, há poucos minutos atrás, os metalúrgicos podiam ter-se reunido para fundar um clube de futebol! Não foi nessa época em que foram fundados os grandes clubes? Então podiam ter fundado um clube de futebol! Por que decidiram fundar um Sindicato? Fundaram um Sindicato, porque a classe operária precisava de um instrumento de luta.

Olhando o passado compreendemos que esse Sindicato, não só este, é verdade, muitos sindicatos cumpriram bem o seu papel, podem não ter resolvido todos os problemas porque se tivessem resolvido todos os problemas, a realidade da classe operária, da classe metalúrgica, mas não só da corporação, a realidade deste País seria outra. O nosso sonho estaria realizado com uma sociedade feliz, com emprego, com trabalho, com salário, com a realização humana, mas não é verdade!

Os motivos que levaram a fundar esse Sindicato lá nos idos de 1930 continuam atuais, continuam fazendo o chamamento dos trabalhadores para que continuem engajados. Eu posso falar do meu engajamento aqui, na categoria metalúrgica, que não é muito antigo, mas que, quando o Ver. José Fortunati fez referência a essa retomada do movimento sindical dos anos 1980/90, da importância das greves de 1990, fiquei observando, no mínimo, dez semblantes neste Plenário que se emocionaram, porque foram agentes ativos naquela greve. Foi gente que se dedicou embaixo de barracas, em frente as fábricas; fazendo aquilo que é a retomada da luta e fazendo aquilo que é a busca do direito do trabalhador.

Então, nessa noite, uma noite festiva onde o Sindicato tem a satisfação, o prazer e a honra em receber a homenagem desta Câmara, nós não podíamos dizer outra coisa, senão afirmar que, do ponto de vista dos metalúrgicos da atualidade, o projeto, a determinação e a perseverança é continuar firme na trincheira da luta, seja aquela trincheira que diz respeito à corporação dos metalúrgicos, ou a que nós que rompemos a corporação - que seja a trincheira da classe operária, dos trabalhadores e da soberania nacional, junto com quem quer construir um País; combatendo corrupção, combatendo projeto que quer eliminar direitos; combatendo a elite que se organiza e quer liquidar com o art. nº 07, da Constituição, onde está assegurado o direito dos trabalhadores, dizendo que isso engessa, que isso não permite o emprego e que isso, enfim, é o atraso deste País. Enfim, combatendo todas as formas de exploração.

Eu não poderia concluir esta fala sem primeiro agradecer ao companheiro, Ver. José Fortunati; sem agradecer aos demais membros da Mesa e sem agradecer a todos os companheiros metalúrgicos e demais presentes que vieram prestigiar esta homenagem. Momento este que, para nós, quer dizer muito e que, com certeza, cada um que teve o privilégio e a satisfação de participar, vai repercutir e, mais que isso, vai incorporar nas suas rotinas a importância de conhecer e, na maioria, de participar de uma Entidade do porte e da responsabilidade que é o Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Convidamos a todos para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Queremos, em nome da Casa e em nome da Direção da Casa agradecer a presença dos senhores e das senhoras.

O Ver. José Fortunati está convidando a todos os presentes para participarem de um coquetel que está sendo oferecido na Av. Clébio Sória, no andar térreo, deste prédio.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h33min.)

 

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